Vivemos em uma sociedade moldada pela mídia: a cultura de massa, associada ao capitalismo procura padronizar ou moldar gostos, comportamentos e opiniões. O “cool”, moderno, descolado, cult é aquele que está sempre antenado no que os oráculos midiáticos dizem. O sujeito diz-se bem informado, pois leu o jornal “O Globo” pela manhã, folheou a revista “Veja” na parte da tarde, e viu “Jornal Nacional” a noite. De fato ele sabe que houve invasão na rocinha, que alguém foi morto em algum tiroteio em alguma favela e que alguns policiais tentaram facilitar a fuga de alguns outros bandidos. Mas quem são todos esses atores? Qual o nome deles? Pouco importa.
A comunicação de massa tende a relegar as individualidades a segundo plano, atribuindo-as por vezes um caráter banal, já que não exercem grande atração ou não se adequam dentro do “mass media”. A partir da Segunda Revolução Industrial, com a inserção dos veículos de comunicação em massa, como a TV e o rádio, deter informação passou a ser sinônimo de poder e lucro. Deste modo a mídia, por meio da espetacularização dos fatos e do sensacionalismo, tem apenas como objetivo atingir o maior contingente de pessoas possível, não dando valor a individualidade da informação e não assumindo qualquer compromisso com aspecto “humanístico” daquele fato retratado.
A comunicação de massa dissolve as individualidades na medida em que mesmo os nomes das pessoas – expressão maior da identidade – não importam. Chacinas, casos de corrupção ou mesmo dramas abordados em programas de auditório comovem e atraem o público, mesmo esse sabendo ou não o nome das pessoas. Como reflexo disso, temos uma sociedade cada vez mais alienada, condizente e passiva com atos de barbárie ocorrendo com nosso semelhante bem diante de nossos olhos. Não importa quem morreu. O que vale é o impacto da informação e sua expressão monetária: quantos morreram? Era famoso? A morte foi muito bruta? A experiência comprova que respostas afirmativas para essas perguntas são o que de fato traz retorno financeiro aos veículos de comunicação.
Há quem diga que a mídia exerça seu papel de mediadora da informação sendo imparcial quanto a sua divulgação e tendo apenas como intuito informar o cidadão. Entretanto o status de “sem importância” que os veículos de comunicação atribuem a determinados casos particulares, demonstram o quão falaciosa é essa afirmação. Os meios de comunicação valorizam o que lhes convém e pareça ser importante. O silogismo para mídia é lógico e simplório: o que vende é o que é “importante”; individualidade não vende, logo não é importante.
Fica evidente que os oligopólios informacionais estabeleceram um novo paradigma social em que o homem e seus valores individuais não são prioridade. Portanto é preciso exigirmos um caráter mais “humano” dos veículos de comunicação e não deixarmos que aspectos fundamentais do meio social, tais quais as próprias relações intersubjetivas, sejam banalizados. Afinal a informação deveria ser um recurso que militasse em nosso favor e não contra nós.
Como sobreviveremos sem que haja urgente uma profunda revisão desses valores?
Estamos despersonalizados. Vivemos vigiados em nosso conteúdo intelectual. Sem privacidade!
Vivemos uma psicose coletiva…
E do ponto de vista psicológico isto é essencial!
Mas…como sobreviveremos? Esta é a minha questão!
Compactuo com o tema na íntegra!
Marcia Escudero